segunda-feira, 10 de setembro de 2007

AS INVASÔES BARBARAS E AS ORIGENS DO FEUDALISMO


Um poder fortemente centralizado, o do Império Romano, vem abaixo no século V. Devido a este fato os poderes locais começam a manifestar-se; às vezes é um chefe de bando que agrupa a seu redor uma série de aventureiros; outras, um dono de terras que procura garantir para e elas uma segurança que o Estado já não é capaz de oferecer. A terras, com efeito, se converte na única fonte de riqueza, e como as trocas de mercadorias são difíceis e não há exércitos para proteger os caminhos é preciso defendê-la pessoalmente. Não vemos hoje como surgem em certos países polícias paralelas para proteger aos cidadãos ameaçados por uma onda de delinqüência? Isto pode ajudar-nos a compreender o que ocorreu então: um camponês modesto, incapaz de garantir sua própria segurança e de sua família, se dirige a um vizinho mais poderoso que ele, como possibilidade de manter um grupo de homens armados; este se compromete a defendê-lo e, em troca pede uma parte de suas colheitas. Aquele se beneficiará de uma série de garantias, e este, o senhor (de senior = idoso, ancião), ficará mais rico, mais poderoso, e em conseqüência, mais apto para exercer a proteção que se lhe pede. O acordo, em princípio, favorecerá tanto um como outro, sobretudo em circunstância difíceis. É um acordo de homem a homem , um contrato recíproco que por suposto, não reconhece nenhuma autoridade superior, mas que estava baseado numa promessa, num juramento (sacramentum) que era um ato sagrado e tinha um valor religioso.
(Regine Pernoud, O que é Idade Média?, Paris, 1977)